OBJETIVOS: analisar a ocorrência de partos realizados em aldeias indígenas segundo características maternas e do recém-nascido registradas ao longo do período 2015-2023.
MÉTODOS: estudo descritivo e ecológico, realizado com base em dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos. Foram selecionados municípios com pelo menos um registro de parto realizado em aldeia indígena no período estudado. As associações entre local do parto e desfechos desfavoráveis foram estimadas por razões de prevalência (RP) com modelos de regressão de Poisson robusta.
RESULTADOS: foram registrados 19.854 partos de mulheres indígenas realizados em aldeias indígenas. Em comparação às mães não indígenas, aquelas que pariram em aldeias apresentaram maior probabilidade de não realizar nenhuma consulta de pré-natal (RP=7,02; IC95%= 6,80–7,24), de parto prematuro (<37 semanas) (RP=1,70; IC95%= 1,65–1,75) e de baixo peso ao nascer (<2.500g) (RP=1,81; IC95%= 1,75–1,88).
CONCLUSÕES: os achados evidenciam a magnitude das iniquidades em saúde que atingem povos indígenas, destacando a necessidade de políticas específicas para a qualificação da atenção pré-natal e ao parto. A inclusão da categoria "aldeia indígena" no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos abre novas possibilidades de monitoramento e planejamento em saúde indígena.
Palavras-chave: Sistemas de informação em saúde, Desigualdades em saúde; Qualidade da assistência à saúde; Saúde de populações indígenas