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Qualis Capes Quadriênio 2017-2020 - B1 em medicina I, II e III, saúde coletiva
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EDITORIAL


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O ambiente inseguro

Malaquias Batista Filho1; Maria de Fátima Costa Caminha2; Déborah Lemos Freitas3

DOI: 10.1590/1806-9304202300000002 e20230001

O ambiente é o novo "front" da guerra. A aparente paz, que nunca se legitimou, mantem-se em estado de beligerância latente, pela insegurança ambiental que, em maior e menor escala, afeta de diferentes maneiras todos os países e até todas as localidades do mundo. Como tornar saudável o meio ambiente? Esta questão, se não é a questão motriz, é um dos maiores problemas da atualidade e até do futuro e suas perspectivas próximas e até remotas. Sem falar na guerra convencionada, com todo o seu arsenal de destruição e ambiente de insegurança universalizando-se como um castigo climático, sem precedentes históricos.

Poderíamos até eleger a onda de calor que, durante um ou dois dias (pouco menos de 48 horas cronometrando o tempo na precisão de um relógio) matou 2000 pessoas na velha Europa dos brancos dolicocéfalos do Reino Unido, na península luso-espanhola, nos brancos da Germânia e Bélgica, nas acidentadas e frias montanhas da Suécia e Dinamarca, na solitária (mas também fria) Irlanda, nas escarpadas crateras marítimas que formam o maciço geográfico terra/água dos mares do Norte, na Escócia do Reino Unido em tantas ilhas perdidas do Atlântico Norte. E sobrou um pouco de calor para as vastas terras do hemisfério Norte: O frio Canadá e seu vizinho, os Estados Unidos da América. Do Alaska uma só fala: ondas de calor aqui e acolá perturbam a migração dos salmões e até o vai vem entre o ocidente e a Região Euro-Ártica.

De onde veio tanto calor para as terras antes tão frias? Deu a louca no mundo como vez por outra mostram as comédias da TV? Por segurança, as Nações Unidas estão tentando pôr um pouco de ordem nesta, vamos dizer, grande entropia, mostrando que não será fácil gerenciar este desafio.

No seu Sumário Executivo, a décima segunda edição do relatório da Organização das Nações Unidas, que se ocupa das questões do clima, vem repercutindo informações e contínuas advertências de que as mudanças climáticas não são num futuro distante. Eventos climáticos extremos ao redor do mundo como: inundações, secas, incêndios florestais, furações e ondas de calor, têm continuamente atingido os mais monótonos dos noticiários. E já antecipa que milhares de pessoas foram mortas e as perdas econômicas são medidas em trilhões, certamente, de dólares.1

Estamos no advento de um ciclo, lido nos gráficos da saúde de populações mundiais e seus desfechos mais drásticos, estas advertências valem como anúncio antecipado de um painel epidemiológico de marcante relevância para a humanidade. E não há mais palavras para chegar à conclusão: as mudanças climáticas e ventos extremos podem ser atribuídos ao acúmulo de gases que geram os movimentos do Efeito Estufa. Gases do efeito estufa (GEE), jogados continuamente na atmosfera. É o gás metano da pança dos ruminantes, o CO2 da combustão dos motores em câmaras fechadas, que é o princípio e a grande fonte da poluição ambiental de nossos dias, meses e anos. Somos grande parte do enorme problema. Sendo assim, teremos que ser, em grande parte, a própria solução. É um feedback técnico e ético para quebrar a causação circular, efeito e causa se retroalimentando.

O escritório das Nações Unidas, em nome do desenvolvimento sustentável, gerado no Quênia, no coração geográfico da África, passa a operar a apenas alguns graus de latitude norte e sul. Fica-se a imaginar o imenso desafio de monitorar o meio ambiente em escala mundial. Veja-se bem, a responsabilidade em nome das Nações Unidas de controlar os interesses e negócios, em nome do planeta terra, através de uma agenda de uma rede de 193 países. Seus desfechos: desde os pequenos tremores de terra como eventos novos, até a "generosa" sangria das águas do açude São Sebastião do Umbuzeiro, derramando copiosamente o Rio do Meio afluente médio do Rio Paraíba, depois de 18 anos sem enchentes. Claro, isto é um exemplo que dificilmente vai chegar nos escritórios do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).2 O exemplo de São Sebastião do Umbuzeiro, terra natal de um dos co-autores do artigo, poderia ser ocasional e até com um "senso de humor" mas, é peculiar. Grave, gravíssimo mesmo, é que, dentro de uma década, o aquecimento global da terra pode chegar a 1,5% até 2,0%, seria (ou será) uma condição aterradora, se as Nações Unidas não falam por meses: vem uma crise semelhante para a humanidade. E vale a pena para valorizar a questão, informar que o relatório foi orientado por uma equipe de direção experiente e preparada por um grupo internacional de cientistas lideres, levando uma orientação com todas as informações disponíveis.

Referências

1. United Nations Environment Programme (UNEP). Emissions Gap Report 2021: The Heat Is On – A World of Climate Promises Not Yet Delivered. Nairobi, Kenya: UNEP; 2021. [acesso em 2021 Dez 9]. Disponível em: https://www.unep.org/resources/emissions-gap-report-2021

2. Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, UK and New York, USA: IPCC; 2022. [acesso em 2022 Dez 9]. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/downloads/report/IPCC_AR6_WGIII_FullReport.pdf

À convite do Editor Chefe: Lygia Vanderlei



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