RESUMO
OBJETIVOS: estimar a prevalência de estresse percebido e verificar os fatores associados em gestantes assistidas por equipes da Saúde da Família de Montes Claros, Minas Gerais - Brasil.
MÉTODOS: estudo epidemiológico, transversal e analítico, aninhado a uma coorte de base populacional. Avaliaram-se características sociodemográficas, obstétricas, condições de saúde física e mental. O nível de estresse foi estimado pela Escala de Estresse Percebido (Perceveid Stress Scale, PSS-14). Foram conduzidas análise descritiva e bivariada, seguidas do modelo de Regressão de Poisson com variância robusta.
RESULTADOS: participaram 1.279 gestantes. A prevalência do nível de estresse elevado foi de 23,5% (IC95%=20,8%-26,2%). O desfecho foi mais prevalente entre gestantes com idade acima dos 35 anos (RP=1,38; IC95%=1,09-1,74) e menor ou igual a 19 (RP=1,41; IC95%=1,13-1,77); sem companheiro(a) (RP=1,33; IC95%=1,09-1,62); com baixo apoio social (RP=1,42; IC95%=1,181,70); multíparas (RP=1,30; IC95%=1,02-1,66); com gravidez atual não planejada (RP=1,23; IC95%=1,00-1,52); infecção urinária (RP=1,35; IC95%=1,12-1,62); alto nível de sintomas de ansiedade (RP=1,42; IC95%=1,18-1,71); sintomas graves (RP=4,74; IC95%=3,60-6,26) e moderados (RP=3,19; IC95%=2,31-4,39) de depressão; e queixas neurológicas (RP=1,77; IC95%=1,27-2,47).
CONCLUSÃO: houve expressiva prevalência de elevado estresse percebido entre gestantes, desfecho associado a fatores sociodemográficos, clínicos, obstétricos e condições emocionais, o que demonstra a necessidade de atenção integral à saúde da gestante.
Palavras-chave:
Gravidez, Gestantes, Estresse psicológico, Atenção primária à saúde, Inquéritos epidemiológicos
ABSTRACT
OBJECTIVES: to estimate the prevalence of perceived stress and verify the associated factors in pregnant women assisted by Family Health teams in Montes Claros, Minas Gerais - Brazil.
METHODS: epidemiological, cross-sectional, and analytical study, nested in a population-based cohort. Sociodemographic and obstetric characteristics and physical and mental health conditions were assessed. The stress level was estimated by the Perceived Stress Scale (PSS-14). Descriptive and bivariate analyses were conducted, followed by the Poisson Regression model with robust variance.
RESULTS: a total of 1,279 pregnant women participated. The prevalence of high-stress levels was 23.5% (CI95%=20.8%-26.2%). The outcome was more prevalent among pregnant women aged above 35 years (PR=1.38; CI95%=1.09-1.74) and less than or equal to 19 (PR=1.41; CI95%=1.13-1.77); without a partner (PR=1.33; CI95%=1.09-1.62); with low social support (PR=1.42; CI95%=1.181.70); multiparous (PR=1.30; CI95%=1.02-1.66); with current unplanned pregnancy (PR=1.23; CI95%=1.00-1.52); urinary tract infection (PR=1.35; CI95%=1.12-1.62); high level of anxiety symptoms (PR=1.42; CI95%=1.18-1.71); severe (PR=4.74; CI95%=3.60-6.26) and moderate (PR=3.19; CI95%=2.31-4.39) symptoms of depression; and neurological complaints (PR=1.77; CI95%=1.27-2.47).
CONCLUSION: there was a significant prevalence of high perceived stress among pregnant women, an outcome associated with sociodemographic, clinical, obstetric, and emotional factors, which demonstrates the need for comprehensive care of pregnant women's health.
Keywords:
Pregnancy, Pregnant women, Stress psychological, Primary health care, Health surveys
IntroduçãoO estresse se relaciona à capacidade de adaptação e enfrentamento do indivíduo no gerenciamento dos fatores internos e externos tensionais. Quando supera a resistência humana e altera a homeostase do organismo pode causar efeitos deletérios à saúde física e mental. A forma como cada indivíduo percebe o estresse é única e existem diversos fatores que podem desencadeá-lo, minorando sua qualidade de vida e bem-estar social.
1-3O período gestacional é permeado por mudanças e adaptações físicas, emocionais e, por vezes sociais, próprias dessa fase, que podem levar ao estresse nas mulheres.
2-5 Seus altos níveis podem gerar uma variedade de desfechos adversos à saúde materno-infantil. Há o aumento do risco de ocorrência de aborto espontâneo, de trabalho de parto prematuro, de baixo peso ao nascer, de morbidades neonatais de curto prazo e complicações a longo prazo, de pré-eclampsia e de comorbidades psiquiátricas.
2-4 O estresse também pode contribuir para a adoção de padrões comportamentais de riscos à saúde pela gestante.
1,6 Após o nascimento, na infância da criança, há a possibilidade de acarretar anormalidades no desenvolvimento como retardo de crescimento, problemas comportamentais e distúrbios do neurodesenvolvimento.
2-4Outro aspecto a ser considerado é o medo de malformações fetais, comumente observado em gestantes. Ao receberem um prognóstico fetal ruim, os pais parecem perder a autoconfiança em como cuidar do filho e podem desenvolver sentimentos de desesperança, falta de controle, fantasias de morte e ressurreição. Uma condição que oferece risco à gravidez pode levar a gestante a se sentir inferior às outras mulheres, o que compromete sua autoestima e pode prejudicar a ligação afetiva com o feto. Por isso, são diversos os transtornos e as consequências que a notícia da malformação fetal acarreta,
7 entre elas o aumento do estresse.
A prevalência do estresse gestacional é expressiva no cenário internacional
2-4 e nacional.
5,8 Os principais fatores de risco de estresse na gestação são: multiparidade, transtornos mentais, dificuldades financeiras, alcoolismo, tabagismo, sedentarismo, baixa escolaridade, desemprego, ausência de suporte social, dependência de substâncias ilícitas, violência doméstica, presença de comorbidades, gravidez não planejada e não aceitação da gravidez,
1,2,4 além do medo de malformações fetais.
7A prevalência do estresse na gestação e os seus efeitos nocivos nesse período demonstram a importância da detecção precoce dessa condição, com vistas a estabelecer ações de prevenção e controle desse agravo à saúde.
4 A Estratégia de Saúde da Família (ESF), por meio da atenção pré-natal, pode contribuir para minimizar o impacto dos fatores estressores na saúde e desfechos psicossociais insatisfatórios na gestação.
9,10As gestantes assistidas na ESF, em certa parcela, podem vivenciar situações sociais e de saúde que presumivelmente propiciam vulnerabilidade, o que potencializa os efeitos do estresse nessa população. A literatura a respeito do estresse pré-natal no contexto sociocultural dos países em desenvolvimento é escassa,
2,4,5 indicando a necessidade de que pesquisas epidemiológicas sejam realizadas nessa temática para melhor compreensão a respeito de seus fatores preditores.
Portanto, este estudo teve como objetivo estimar a prevalência de estresse percebido e verificar os fatores associados em gestantes assistidas por equipes da Saúde da Família de Montes Claros, Minas Gerais (MG) - Brasil.
MétodosO presente estudo faz parte da pesquisa intitulada "Estudo ALGE - Avaliação das condições de saúde das gestantes de Montes Claros - MG: estudo longitudinal". Trata-se de um inquérito epidemiológico observacional de base populacional, com delineamento transversal e analítico, aninhado à coorte ALGE.
11O município cenário deste trabalho está situado na região Norte do estado de MG - Brasil. É um polo na região onde está localizado e possui população de 417.478 habitantes. O local é referência em setores de prestação de serviços, comércio, educação e saúde. Os serviços da ESF de Montes Claros foram implantados na década de 1990 e atualmente estão organizados em 15 polos. Esses polos continham um total de 135 equipes de saúde da família à época da pesquisa (2018-2019), perfazendo uma cobertura de 100% da população.
A população desta pesquisa foi constituída por 1.661 gestantes cadastradas nas equipes da ESF, da zona urbana do município de Montes Claros, no ano de 2018. Por questões logísticas e de dificuldades de acesso, não foi possível incluir as gestantes residentes na área rural.
O tamanho da amostra foi estabelecido visando a estimar parâmetros populacionais com prevalência de 50% (para maximizar o tamanho amostral e devido ao projeto original contemplar diversos eventos), intervalo de 95% de confiança (IC 95%) e nível de precisão de 2,0%. Fez-se correção para população finita (N=1.661 gestantes) e se estabeleceu também um acréscimo de 20% para compensar as possíveis não respostas e perdas. Os cálculos evidenciaram a necessidade de participação de, no mínimo, 1.180 gestantes, distribuídas entre os 15 polos da ESF do município. O número de gestantes definido para a amostra de cada polo foi proporcional à sua representatividade em relação à população total de gestantes cadastradas. A princípio todas as gestantes cadastradas nos polos foram convidadas a participarem do estudo, havendo em seguida um sorteio aleatório simples.
Informa-se que a amostra entrevistada nesta pesquisa incluiu 1.279 gestantes, quantidade superior à quantidade mínima indicada no cálculo amostral. Logo, foi analisada a maior parte do contingente populacional, o que garantiu maior representatividade amostral.
A coleta aconteceu entre outubro de 2018 a novembro de 2019, nas unidades de saúde da ESF ou nos domicílios das participantes conforme a disponibilidade das mesmas. Uma equipe multiprofissional formada por profissionais da área da saúde e por acadêmicos de iniciação científica foi responsável pelas entrevistas, que ocorreram face-a-face em local e horário previamente definidos com a gestante com duração média de uma hora.
Quanto aos critérios de inclusão e exclusão, foram incluídas as gestantes que estavam cadastradas em equipe da ESF da zona urbana, em qualquer idade gestacional. Como critério de exclusão, adotou-se a condição de estar grávida de gemelares e/ou apresentar algum comprometimento cognitivo, conforme informação do familiar e/ou da equipe da ESF.
Previamente à coleta de dados, foi realizada uma capacitação dos entrevistadores, bem como um estudo piloto com gestantes cadastradas em uma unidade da ESF (que não foram incluídas nas análises do estudo), com o objetivo de padronizar os procedimentos da pesquisa.
Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário estruturado com questões elaboradas pelos autores e com instrumentos validados, que contemplou características sociodemográficas, obstétricas, condições de saúde física e mental, além de queixas no período gestacional.
Na presente investigação foram analisadas as seguintes características sociodemográficas das gestantes: faixa etária (até 19 anos, 20 a 35 anos, acima de 35 anos); situação conjugal (vive sem ou com companheiro/a); escolaridade (ensino fundamental, médio e superior); renda familiar (até dois salários mínimo ou mais que dois salários mínimo); recebe auxílio do programa bolsa família - programa governamental federal condicionado de transferência de renda para famílias, a fim de auxiliar no combate à vulnerabilidade social (não ou sim);
12 funcionamento familiar (família disfuncional ou funcional); apoio social (alto apoio social ou baixo apoio social).
Para examinar a percepção da gestante sobre o funcionamento familiar, aplicou-se o instrumento nomeado APGAR Familiar,
13 o qual sinaliza o cumprimento de parâmetros básicos definidos pelo acrônimo APGAR: A - Adaptação (
Adaptation); P - Participação (
Participation); G - Crescimento (
Growth); A - Afeição (
Affection); R - Resolução (
Resolution). O questionário apresenta cinco perguntas com três possibilidades de respostas, cada uma, e pontuação que varia de zero a dois pontos - nunca (0), algumas vezes (1) e sempre (2). Desse modo, se dá o somatório de zero a dez pontos, que, quanto mais elevado, aponta melhor satisfação do participante. Procedeu-se à categorização em "família funcional" (pontuação de 7-10) e "família disfuncional" (<6).
13A presença de apoio social foi mensurada mediante a versão brasileira da Escala de Apoio Social do
Medical Outcome Study (MOS),
14 composta por 19 questões que compreendem cinco dimensões: material, afetiva, emocional, interação social positiva e informação. Para cada item, o participante indica com que frequência considera cada tipo de apoio, por meio de uma escala tipo
likert: nunca (1), raramente (2), às vezes (3), quase sempre (4) e sempre (5). Quanto mais próximo de 100 for o escore final, melhor o apoio social percebido. O escore geral da escala foi calculado pela soma total dos 19 itens e se considerou como alto apoio social o resultado acima de 66, que corresponde ao segundo tercil.
14As características obstétricas investigadas foram o trimestre gestacional (1º, 2º e 3º), o planejamento da gravidez atual (sim ou não) e a paridade (nulípara, primípara ou multípara). Foram averiguadas as seguintes condições de saúde autorrelatadas: infecção urinária, diabetes gestacional, anemia, hemorragia, síndromes hipertensivas na gestação (SHG) e enxaqueca. Também se pesquisou a presença das principais queixas no período gestacional: relativas ao sono; cardiovasculares (edema, epistaxe, hemorroidas, palpitação, sangramento gengival, varizes); cutâneas (cloasmas, estrias); gastrointestinais (constipação, dor abdominal, eructação, náuseas, pirose, vômito, salivação); mamárias (mastalgia); musculoesqueléticas (câimbras, lombalgias); neurológicas (dor de cabeça, parestesias); respiratórias (falta de ar, obstrução nasal); fraqueza, tontura e desmaios. Tais condições e queixas foram abordadas por estarem entre as principais condições de risco na gravidez, com base em recomendações do Ministério da Saúde brasileiro para atenção ao pré-natal de baixo risco na Atenção Primária à Saúde (APS).
15As condições de saúde mental examinadas foram os sintomas de ansiedade (baixo ou alto nível), sintomas de depressão (sem sintomas, sintomas moderados ou sintomas graves) e o nível de estresse (baixo nível e alto nível). Para análise do nível de ansiedade foi adotada a versão curta do
Brazilian State-Trait Anxiety Inventory (STAI) - "Inventário de Ansiedade Traço-Estado" (IDATE) em sua versão validada no português brasileiro.
16 No rastreio dos sintomas depressivos foi empregada a Escala de Rastreamento Populacional para Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (
Center for Epidemiologic Studies Depression Scale, CES-D), também validada no Brasil.
17O IDATE fornece uma medida confiável para dois componentes da ansiedade: estado e traço. No IDATEestado a pessoa descreve como se sente "agora, neste momento" em relação aos seis itens apresentados em uma escala
Likert de quatro pontos: 1. absolutamente não; 2. um pouco; 3. bastante; 4. muitíssimo. No IDATE-traço o participante responde como "geralmente se sente" para os seis itens restantes, que são dispostos de acordo com uma nova escala
likert de quatro pontos: 1. quase nunca; 2. às vezes; 3. frequentemente; 4. quase sempre. As pontuações das perguntas positivas são invertidas, ou seja, as de número 1, 3 e 5 no IDATE-estado e 1, 3 e 6 no IDATE-traço. Os escores são obtidos pela soma das respostas, sendo 6 a pontuação mínima e 24 a máxima, tanto para estado quanto para traço.
16 Por não existir um ponto de corte para a forma reduzida, e pelo fato da média e mediana do IDATE-traço, no presente estudo, terem valores aproximados, essa variável foi dicotomizada, pela mediana por ser um número inteiro. Aquelas gestantes com valor abaixo foram classificadas em "baixo nível de ansiedade" e acima "alto nível de ansiedade".
A CES-D é composta por 20 itens, dos quais quatro são positivos, em que a entrevistada relata a frequência da ocorrência dos sintomas na última semana. Cada resposta pode envolver quatro graus crescentes de intensidade em uma escala de
Likert - nunca ou raramente, às vezes, com frequência e sempre - com pontuações correspondentes a 0, 1, 2 e 3. O escore dos quatro itens positivos é invertido e somado ao escore dos demais, o que perfaz um resultado final que varia de zero a 60 pontos. Procedeu-se à categorização em: sintomas depressivos ausentes/leves (escore<16), moderados (escore ≥16 ou ≤21) e sintomas graves (escore ≥22).
17O nível de estresse (variável desfecho) foi averiguado por intermédio da Escala de Estresse Percebido (
Perceveid Stress Scale, PSS-14),
18 traduzida e validada para a população brasileira, que identifica situações na vida do indivíduo avaliadas como estressantes, estabelecendo níveis de intensidade. Essa escala é composta por 14 itens que avalia a frequência em que determinados sentimentos e pensamentos ocorreram no último mês, com respostas variando de zero (nunca) a quatro (sempre). O escore da escala PSS-14 é obtido revertendo-se os escores dos itens positivos e somando-se as respostas dos 14 itens, com o escore total variando de zero (sem sintomas de estresse) a 56 (sintomas de estresse extremo). Para classificar as gestantes quanto ao nível de estresse percebido, os escores da escala PSS-14 foram dicotomizados em <28 e ≥28, tendo o ponto de corte definido pelo percentil 75. As gestantes com escores <28 foram classificadas com baixo nível de estresse e aquelas com escores ≥28 com nível de estresse elevado.
18Os dados coletados foram digitados, organizados e analisados no
software estatístico
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 23.0 para
Windows®. Foram realizadas análises descritivas por meio da frequência absoluta e relativa de todas as variáveis categóricas, bem como medidas descritivas (média, desvio padrão, mínima e máxima) dos escores da escala PSS-14 e construção de histograma.
A associação entre a variável desfecho (nível de estresse) e as variáveis independentes (características sociodemográficas e obstétricas, condições de saúde física, sintomas de ansiedade e de depressão) foi mensurada por meio do teste qui-quadrado. As variáveis que apresentaram nível descritivo (valor-
p) de até 0,20 foram selecionadas para análise múltipla. Na análise múltipla foi adotado o modelo de regressão de
Poisson com variância robusta. Foram estimadas as razões de prevalência (RP) com seus respectivos IC95%. Para ajuste do modelo utilizou-se do método
backward, nesta etapa o nível de significância adotado foi de
p≤0,05. Para verificar a qualidade do ajuste do modelo empregou-se o teste de
Deviance. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros por meio dos pareceres consubstanciados nº. 2.483.623/2018 e 3.724.531/2019 de 25 de novembro de 2019 (CAAE 80957817.5.0000.5146).
ResultadosA Figura 1 apresenta o fluxograma de captação das gestantes participantes do estudo.
Participaram do estudo 1.279 gestantes, sendo que a maioria (40,3%) estava no segundo trimestre gestacional, com faixa etária de 20 a 35 anos (70,9%), vivia com companheiro(a) (77,2%) e tinha ensino médio completo (63,6%). As demais características sociodemográficas, obstétricas, condições de saúde e queixas no período gestacional estão descritas na Tabela 1.
A prevalência do nível de estresse elevado foi estimada em 23,5%, com IC95%: 20,8%-26,2%. A média geral dos escores da Escala PSS-14 na amostra foi de 24,0, variando de um a 56 e com desvio-padrão de ±8,6 (Figura 2).
Na Tabela 2 estão apresentados os resultados da análise bivariada entre o nível de estresse e as variáveis independentes avaliadas. As variáveis que apresentaram evidência estatística de associação com o desfecho, ao nível de 0,20, foram: faixa etária, escolaridade, situação conjugal, receber auxílio do programa bolsa família, funcionamento familiar, apoio social, planejamento da gravidez atual, paridade, infecção urinária, anemia, enxaqueca, sintomas de ansiedade, sintomas de depressão, alterações do sono, queixas cardiovasculares, genitourinárias, neurológicas, respiratórias, fraqueza, tontura e desmaio.
Os resultados da análise múltipla são descritos na Tabela 3. O teste
Deviance indicou que o modelo apresentou qualidade de ajuste adequada (
p=0,840). O nível de estresse elevado foi mais prevalente entre gestantes com idade acima dos 35 anos (RP=1,38; IC95%=1,09-1,74) e menor ou igual a 19 (RP=1,41; IC95%=1,13-1,77); sem companheiro(a) (RP=1,33; IC95%=1,09-1,62); com baixo apoio social (RP=1,42; IC95%=1,18-1,70); multíparas (RP=1,30; IC95%=1,02-1,66); com gravidez atual não planejada (RP=1,23; IC95%=1,00-1,52); infecção urinária (RP=1,35; IC95%=1,12-1,62); alto nível de sintomas de ansiedade (RP=1,42; IC95%=1,18-1,71); sintomas graves (RP=4,74; IC95%=3,60-6,26) e moderados (RP=3,19; IC95%=2,31-4,39) de depressão; e queixas neurológicas (RP=1,77; IC95%=1,27-2,47).
DiscussãoEste estudo evidenciou que aproximadamente um quarto das gestantes analisadas apresentou alto nível de estresse, desfecho que esteve associado a fatores sociodemográficos (faixa etária, situação conjugal, apoio social), obstétricos (gestação não planejada, multiparidade), problemas de saúde durante a gestação (infecção urinária, sintomas ansiosos e depressivos) e queixas no período gestacional (neurológicas).
No cenário internacional observou-se que na Alemanha a prevalência do estresse foi de 95% das gestantes pesquisadas,
19 na China de 91,86%,
20 na Tailândia de 23,6%
21 e na Etiópia de 11,6%.
2 No Suriname, o alto estresse percebido ocorreu em 27,2% das participantes durante o primeiro/segundo trimestre e em 24,7% no terceiro trimestre.
4 No Brasil, a prevalência de estresse em gestantes catarinenses foi de 93%
10 e de 78% em paulistas.
22 Há que se ponderar que as diferenças de prevalências dos níveis de estresse nas populações podem ser relacionadas a critérios diversos metodológicos utilizados no rastreamento dessa condição e também às especificidades étnicas, demográficas, sociais, econômicas e culturais.
Em face da expressiva prevalência de elevado nível de estresse percebido entre as pesquisadas, vale salientar que a gestação demanda da mulher uma série de adaptações e experiências que propiciam uma maior vulnerabilidade emocional a condições psicossociais.
2,10 O estresse emerge no cotidiano e pode ser identificado nas relações diárias. Está vinculado às próprias modificações da gestação e aos diferentes enfrentamentos relacionados aos papéis desempenhados socialmente, com maior sobrecarga e responsabilidade materna no ciclo gestatório. Somamse ao estresse diário as tensões acerca da gravidez e do parto, a necessidade de planejamento das tarefas de cuidado do bebê por nascer, além da dificuldade para realizar as atividades laborais, domésticas e sociais.
10 Logo, os profissionais de saúde da família precisam dar atenção à triagem de estresse na gestação, a fim de reduzir a probabilidade de piora do quadro e evitar o comprometimento da saúde mental,
1,2,5,10 reconhecendo que a gestação vai além da dimensão biológica.
Quanto aos fatores associados ao alto nível de estresse, a idade esteve associada positivamente à ocorrência desse desfecho: este foi mais prevalente entre as gestantes com a idade menor e igual a 19 anos e acima de 35 anos. Em estudo realizado no Irã se constataram escores mais altos de estresse em mulheres com idade mais avançada.
23 A gravidez a partir de 35 anos é considerada de alto risco, o que possivelmente faz com que as mulheres vivenciem esse período com preocupações, medo e estresse.
24 Quanto às gestantes mais jovens, entre as quais estão as adolescentes neste inquérito, uma possível explicação para a relação com o evento pesquisado decorre dos desafios enfrentados na gravidez durante a adolescência. Vale salientar que as gestantes adolescentes podem apresentar maior vulnerabilidade emocional, socioeconômica e familiar,
11,25 o que favorece a ocorrência de estresse durante uma fase de maior responsabilização tendo em vista os desafios e as novas demandas da transição para a maternidade. A adolescência é uma fase crítica do ciclo vital em que ocorrem diversas mudanças sociais, físicas, biológicas e psicológicas, assim como o período gestacional. Adolescentes grávidas podem vivenciar sentimentos de vergonha e estigmatização, que resultam em solidão, abandono escolar, falta de apoio familiar e social.
25A maior prevalência de altos níveis de estresse foi verificada entre gestantes que viviam sem companheiro(a). Em gestantes tailandesas foi constatado que os sintomas de estresse foram significativamente associados ao divórcio e à separação do cônjuge.
21 Pesquisa realizada na Nigéria também observou que o estado civil foi associado ao estresse na gestação entre adolescentes.
25 Uma possível explicação está relacionada a estigmatização e sentimentos negativos que a mulher vivencia em função dos valores culturais nessa condição.
25 Ademais, na ausência de um(a) companheiro(a), ocorre a falta de suporte material, social e emocional que um parceiro pode oferecer. Com um parceiro presente na fase gestacional, a mulher pode se sentir amparada contra situações adversas, o que proporciona maior vínculo e suporte emocional.
10O baixo apoio social às gestantes foi associado à presença de alto nível de estresse. Estudo realizado com gestantes chinesas observou que mulheres com níveis baixos ou moderados de suporte social eram mais propensas a sofrer estresse pré-natal do que aquelas com suporte social de alto nível.
20 Em pesquisa realizada no interior de São Paulo também foi observada uma correlação moderada e inversa entre as variáveis estresse e suporte social.
8 O apoio social é um processo dinâmico e consiste em todo suporte provido pela família e pelos amigos no sentido de propiciar à gestante a sensação de apoio, cuidado e amparo em suas necessidades. A fase da gestação é marcada por transformações nos estados físico, emocional, social e econômico, logo a presença de apoio social pode contribuir com um conforto necessário para o bem estar da gestante.
5,8,10Verificou-se maior prevalência de estresse percebido em mulheres multíparas. Investigação realizada com gestantes no Paquistão evidenciou que o aumento do número de filhos esteve associado a uma maior pontuação na PSS-14.26 Após a vivência de gestações anteriores as mulheres experimentam a gravidez com menor entusiasmo, ficam mais preocupadas com problemas relacionados a dinâmica familiar, a criação de filhos e as repercussões financeiras.
26O alto nível de estresse foi associado estatisticamente à ausência de planejamento da gestação. Resultado semelhante foi verificado em estudo anterior.
26 Menores escores de estresse foram observados em gestantes iranianas com gravidez planejada.
23 A gravidez não planejada pode deixar a mulher com preocupações excessivas e descontente, devido às reestruturações e à necessidade de adaptação, ao anseio com os cuidados de saúde requeridos nessa fase, aos gastos financeiros e à falta de apoio social.
23,26A ocorrência de ITU nas gestantes pesquisadas esteve associada com o alto nível de estresse. A ITU pode afetar as condições físicas e gerar desconforto à gestante como disúria, aumento da frequência e urgência em urinar, dor no baixo ventre, calafrios e dor lombar. Além disso, a mulher, ao obter o conhecimento de que a ITU pode constituir um dos principais fatores de risco para o abortamento e o parto prematuro, pode ficar temerosa e desenvolver o estresse.
27Outro importante fator interveniente no nível elevado de estresse foi a presença de sintomas de ansiedade, como também verificado em estudos prévios na China
20 e no Brasil.
8 Há que se considerar que alterações gestacionais, as apreensões com a renda, com questões relacionadas ao desenvolvimento da gravidez e à fase pós-parto podem causar alterações emocionais e maior estresse, configurando uma situação que favorece o surgimento de sintomas ansiosos no pré-natal.
20Similarmente a outras investigações,
1,4,8 outro fator associado ao elevado nível de estresse foi a presença de sintomas depressivos graves e moderados. O estresse percebido é um importante fator de risco para a depressão durante a gravidez.
4 A depressão é um dos transtornos que podem se desenvolver durante a gestação, com sintomas que afetam o autocuidado da gestante e a adesão ao pré-natal. A transição para a maternidade, visto que a gestação e o parto podem ser situações estressantes, além dos determinantes socioeconômicos, psicossociais e hormonais, podem comprometer o bem estar biopsicossocial da gestante e contribuir para o surgimento de sintomas depressivos. Quando isso ocorre, faz-se necessária o diagnóstico precoce e o acompanhamento longitudinal.
5,8 Recomendase que as equipes da ESF estabeleçam uma relação mais humanizada e acolhedora, no processo de preparo das gestantes e suas famílias para o pré-natal e a formação de vínculos mais saudáveis, indo além da abordagem tecnicista à mulher. Com isso, almeja-se o bem-estar e a saúde mental materna.
5,10Este trabalho ainda evidenciou que a presença de queixas neurológicas (cefaleias e parestesia) no período gestacional esteve associada positivamente à ocorrência de alto nível de estresse. Em pesquisa anterior realizada com mulheres acompanhadas por equipes de saúde da família verificou a associação entre enxaqueca e estresse.
28 Uma revisão sistemática com meta-análise revelou que a história de presença de enxaqueca está associada a um risco aumentado de desfechos adversos da gravidez, como a pré-eclampsia e baixo peso ao nascer.
29 Logo, o diagnóstico precoce dessa condição é importante para a vida da mãe e do feto,
30 por isso deve ser rastreada, monitorada e tratada no cuidado pré-natal na APS.
29 As opções de medicamentos preventivos são limitadas e pode ser melhor considerar as intervenções mais seguras, que são mudanças no estilo de vida e tratamento comportamental para controle do estresse.
30O conhecimento e a conscientização acerca dos fatores que influenciam a ocorrência do estresse gestacional é essencial para o planejamento e implementação de medidas de prevenção, identificação, monitoramento e controle dessa condição durante a assistência pré-natal, devido às características peculiares desse período e tendo como base características regionais e culturais em que a mulher está inserida.
22 O rastreamento do estresse percebido deve ser aplicado na rotina do pré-natal, considerando os fatores associados entre as gestantes. A atuação articulada de equipes de saúde da família em conjunto com as famílias no cuidado pré-natal é uma estratégia para a prevenção, detecção precoce e acompanhamento de gestantes com maior necessidade de escuta qualificada e de atenção à saúde mental.
4,5,8Há que se considerar como limitação do estudo o uso do autorrelato, que pode ser influenciado pelo viés de memória. Os instrumentos validados foram utilizados para minimizar essa situação. Reconhece-se como limitação a não inclusão de gestantes residentes na zona rural. Os resultados obtidos são válidos somente para a população de gestantes assistidas nas unidades da ESF de Montes Claros, então extrapolações para outras populações não são possíveis. Contudo, os achados deste trabalho possibilitam uma discussão sobre o tema ainda muito incipiente no cenário nacional. Adicionalmente, trata-se de um inquérito de base populacional que forneceu evidências epidemiológicas relevantes para novas pesquisas e a promoção da saúde das gestantes. Foi conduzido com um tamanho amostral expressivo, o que fortaleceu as associações encontradas.
Conclui-se que a ocorrência de estresse percebido foi identificada em uma parte representativa das gestantes assistidas pelas equipes da ESF da cidade de Montes Claros. Gestantes com idade acima dos 35 anos e menor ou igual a 19 anos, sem companheiro(a), com baixo apoio social, multíparas, cuja gravidez atual não foi planejada, com infecção urinária, com sintomas de ansiedade e de depressão, e com queixas neurológicas apresentaram maiores prevalências de alto nível de estresse.
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Recebido em 11 de Maio de 2022
Versão final apresentada em 5 de Setembro de 2022
Aprovado em 21 de Setembro de 2022
Editor Associado: Alex Sandro Souza
Agradecimentos: Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.
Contribuições dos autores: Lopes BCS, Lima CA, Ferreira TSB, Freitas WML e Ferreira TB: concepção e desenho do estudo, coleta de dados, elaboração do manuscrito. Pinho L e Brito MFSF: concepção e desenho do estudo, supervisão da coleta de dados, análise e interpretação de dados, revisão crítica do manuscrito. Silveira MF: concepção e desenho do estudo, análise estatística e interpretação de dados, revisão crítica do manuscrito. Os autores aprovaram a versão final do artigo e declaram não haver conflito de interesse.