RESUMO
OBJETIVOS: analisar a relação entre a estimulação oral, o padrão de sucção e o desempenho alimentar de recém-nascidos prematuros.
MÉTODOS: revisão sistemática seguindo as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Statement. Foram consultadas as bases PubMed-Central, SciELO, LILACS e CINA-HL Complete, Cochrane Collection Plus, Nursing & Allied Health Collection e Medic Latina via EBSCOHost, sem restrições temporais ou de idioma. A pesquisa foi realizada entre outubro a novembro de 2023. O processo de seleção, triagem e integração dos estudos foi conduzido no programa Rayyan®, em colaboração com outro pesquisador. A análise de evidências foi feita através do instrumento Quality Assessment Tool For Quantitative Studies.
RESULTADOS: foram encontrados 358 artigos, dos quai 13 foram selecionados após eliminação de duplicados e aplicação dos critérios de qualificação. Três artigos adicionais foram incluídos pela análise de referências, totalizando uma amostra de 16 estudos originais. O nível de evidência variou de fraco (n=1), moderado (n=3) e forte (n=12). Os resultados obtidos demonstraram que a estimulação oral melhorou o padrão de sucção, o desempenho alimentar e contribuiu para alta hospitalar precoce.
CONCLUSÃO: a literatura apoia que técnicas de estimulação oral, sucção não nutritiva e a Premature Infant Oral Motor Intervention têm efeitos benéficos no processo alimentar de recém-nascidos prematuros.
Palavras-chave:
Recém-nascido prematuro, Métodos de alimentação, Sucção, Comportamento de sucção, Deglutição
ABSTRACT
OBJECTIVES: to analyze the correlation between oral stimulation, the sucking pattern and feeding performance of premature newborns.
METHODS: systematic review following the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Statement guidelines. The databases consulted included PubMed-Central, Cielo, LILACS, and via EBSCOHost, with no temporal or language restrictions. The research process was carried out from October to November 2023. The selection, screening, and integration of studies were conducted using the Rayyan® software, in collaboration with another researcher. Evidence analysis was performed using the Quality Assessment Tool for Quantitative Studies instrument.
RESULTS: 358 articles were found, of which 13 were selected after eliminating duplicates and application of the qualification criteria. Three additional articles were included through reference analysis, totaling a sample of 16 original studies. Evidence levels varied, with one study classified as weak, three as moderate, and twelve as strong. The results obtained demonstrated that oral stimulation improved the sucking pattern and feeding performance, contributing to early hospital discharge.
CONCLUSION: the literature supports that oral stimulation techniques, non-nutritive sucking and Premature Infant Oral Motor Intervention have beneficial effects on the premature newborns' feeding process.
Keywords:
Infant premature, Feeding methods, Sucking, Sucking behavior, Deglutition
IntroduçãoA prematuridade refere-se a todos os recém-nascidos vivos que têm menos de 37 semanas.
1 Um recém-nascido prematuro apresenta um subdesenvolvimento do sistema nervoso consequente da imaturidade neurológica, e por este motivo, alterações na coordenação do padrão de sucção-deglutição-respiração.
2 Como o padrão de sucção é habitualmente reduzido, as competências motoras orais vão estar comprometidas e consequentemente a alimentação oral pode tornar-se desafiadora para essas crianças.
2É importante referir que a prática clínica tem vindo a demonstrar que os prematuros não iniciam uma sucção eficiente de forma súbita, existindo uma necessidade de preparação e treino para que o padrão de sucção e deglutição se tornem coordenados. Esse período de treino deve ser constantemente avaliado e estimulado, visando preparar o recém-nascido para sucções mais robustas e eficazes.
3 A coordenação adequada do padrão de sucção, deglutição e respiração é determinante para garantir de uma alimentação segura. Comprometer qualquer uma destas três funções pode colocar o recém-nascido em risco, especificamente aspiração, pneumonia, dessaturação de oxigénio, apneia e bradicardia.
4Devido à utilização de uma via alternativa de alimentação, estes recém-nascidos apresentam muitas vezes, dificuldades e alterações das funções oro-motoras, dificultando a transição segura e eficiente para a via oral.
5A estimulação da sucção nutritiva e não-nutritiva constituem formas de estimulação sensoriomotora oral. O enquadramento para a sua utilização relaciona-se com o desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios que ocorre devido à ocorrência de pressões musculares durante a função de sucção dos bebês.
6 Ao realizar a sucção nutritiva ou não nutritiva, o recém-nascido estará desenvolvendo adequadamente os órgãos fonoarticulatórios promovendo assim, o correto funcionamento das estruturas oromotoras devido à relação que existe entre o sistema estomatognático e os demais órgãos e funções.
7A técnica da sucção não-nutritiva com o dedo mínimo enluvado
8 é umas das mais frequentes na rotina das unidades de terapia intensiva neonatais, seguida da sucção não-nutritiva com a chupeta.
8 Esta técnica pode ser utilizada isoladamente ou combinada com outras estratégias em programas de intervenção específicos.
O programa de estimulação oral
9 pode ser implementado com esta finalidade. Este programa contempla 15 minutos de intervenção, em que os primeiros 12 minutos consistem em estimular as bochechas, os lábios, as gengivas e a língua, e os últimos três minutos consistem em sucções não-nutritivas numa chupeta utilizada habitualmente no berçário.
9 A estimulação sensoriomotora oral nos recém-nascidos prematuros acelera o processo de maturação dos reflexos orais, auxiliando no desenvolvimento da capacidade alimentar por via oral, de forma segura e eficaz.
10Em particular, o
Premature Infant Oral Motor Intervention (PIOMI) é um programa de estimulação oral criado por Lessen
11 que proporciona movimentos (i) assistidos para ativar a contração muscular dos órgãos fonoarticulatórios (ii) contra a resistência para aumentar a força.
11 Pelas dificuldades que a prematuridade acarreta, torna-se relevante compreender de que forma as diferentes técnicas podem facilitar o padrão alimentar dos recém-nascidos prematuros, uma vez que é fundamental que estes consigam fazer a transição alimentar de uma forma segura e eficaz.
Desta forma, o presente estudo pretende examinar os efeitos que a estimulação oral apresenta no desempenho alimentar dos recém-nascidos prematuros. Pretende-se analisar a relação entre a estimulação oral, o padrão de sucção e o desempenho alimentar desses recém-nascidos.
MétodosEste estudo é de natureza metodológica e consiste numa revisão sistemática da literatura que pretende analisar a importância que a estimulação oral apresenta no desempenho do padrão alimentar e das sucções dos recém-nascidos prematuros. A presente revisão foi registrada na
International Platform of Registered Systematic Review and Meta-analysis Protocols (INPLASY) com o número de registo INPLASY2024100083.
A questão do presente estudo foi realizada em formato PICO, ou seja, População (P), Intervenção (I), Comparador (C) e
Outcome (O), considerando a questão: "Qual a importância da estimulação oral (I) comparativamente ao procedimento padrão (C) no desempenho alimentar (O) dos recém-nascidos prematuros (P)?". Em particular, para o desfecho (
outcome) em estudo (i.e. desempenho alimentar) foram analisadas medidas de i) taxa de transferência de leite, ii) volume de ingestão global de leite, iii) desempenho alimentar/padrão de sucção, iv) tempo de início de alimentação oral, v) alimentação oral independente, vi) amamentação eficaz e vii) alta hospitalar precoce.
Para a realização do presente estudo, foram estabelecidos critérios de elegibilidade apresentados a seguir. Relativamente aos critérios de inclusão, foram incluídos estudos primários com recém-nascidos prematuros que apresentavam dificuldades alimentares, nascidos entre as 25-36 semanas de gestação que estivessem estáveis e sem necessidade de ventilação mecânica, sujeitos a programas de estimulação oral e sucções não-nutritivas. Foram excluídos artigos duplicados no banco de dados, cartas ao editor, artigos de literatura cinzenta, estudo de caso, estudos secundários, estudos que integrassem recém-nascidos com diagnósticos primários e estudos que não respondessem à questão da investigação. Não se excluíram artigos com base no nível de evidência.
A pesquisa da presente investigação foi realizada por dois pesquisadores independentes através das bases de dados PubMed Central, SciELO, LILACS e pesquisa nas seguintes bases de dados através da plataforma EBSCOHost: CINA-HL Complete, Cochrane Collection Plus, Nursing & Allied Health Collection e Medic Latina. Não foram definidos quaisquer tipos de restrições temporais ou de língua. Os descritores e chaves de pesquisa, específicas para cada base de dados constam na Tabela 1. Para a chave de pesquisa foram utilizados quatro termos chave: Fonoaudiologia, recém-nascidos prematuros e padrão de sucção. Para o conceito "Fonoaudiologia" utilizou-se o
Medical Subject Headings (MeSH term) "speech therapy" e o termo em linguagem natural "
stimulation". Em "recém-nascidos prematuros" foi usado o
MeSH term "infant, premature" e os termos em linguagem natural "
preterm infant" e "
infant, preterm". Para "padrão de sucção" foram utilizados os
MeSH terms "sucking behavior", "
breast feeding", "
feeding behavior" e os termos em linguagem natural "
breastfeeding", "
breast fed" e "
wet nursing". Os descritores foram combinados com operadores booleanos AND e OR e operadores de proximidade "" e (). Para aumentar a abrangência durante a pesquisa não foram utilizados filtros nos bancos de dados (e.g período temporal de publicação, tipo de estudo).
No seguimento da pesquisa bibliográfica, foi necessário remover os duplicados e avaliar os títulos e resumos dos restantes resultados, de forma a julgar a pertinência da sua inclusão. Nesta fase, foi utilizado o programa
RayyanÒ,
12 facilitando assim a organização dos estudos e o processo de triagem. Esta seleção foi realizada por dois pesquisadores de forma independente. Foram selecionados os estudos que atendessem os critérios de inclusão e removidos os que não se enquadravam no tema em estudo, após leitura dos títulos e resumos. Este programa permitiu ainda obter informações bibliométricas básicas, contribuindo para a redução de viés entre pesquisadores, anexar textos completos, resolver duplicados, e justificar as exclusões de estudos por meio de rotulagem.
12 Em situação de não consenso, estava prevista a colaboração do terceiro pesquisador.
Após a integração de todos os estudos que atendessem os critérios, previamente definidos, foram consultadas as referências bibliográficas dos mesmos, com o objetivo de examinar possíveis fontes adicionais de informação que não tivessem sido detetadas na pesquisa inicial. Posteriormente foi efetuada a leitura na íntegra por um pesquisador, dos estudos que foram selecionados após reunião de consenso e realizada uma análise detalhada dos mesmos.
A seleção dos estudos foi descrita em fluxograma, tendo sido seguidas as diretrizes do
Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Statement (PRISMA)
13 (Apêndice 1). A análise de evidência foi realizada para cada estudo de acordo com o instrumento
Quality Assessment Tool For Quantitative Studies.
14 Este instrumento permite a classificação final da qualidade dos estudos através da atribuição de subclassificações (forte, moderado ou fraco) a um conjunto de seis tópicos: representatividade da amostra, desenho de estudo, fatores confundentes, mascaramento, coleta de dados e retenção (
dropouts). Uma classificação global foi determinada com base nas subclassificações atribuídas: forte se não houve subclassificações fracas; moderada se houve uma subclassificação fraca; fraca se houve mais de duas subclassificações fracas.
14 Os resultados obtidos estão organizados na Tabela 2 que inclui a referência de cada um, os tipos de estudo, a população, a metodologia, os resultados, as conclusões e a análise de evidência.
14 Na Tabela 3 estão organizados os diferentes
outcomes estudados no final de cada investigação.
ResultadosNa Figura 1 apresenta-se o fluxograma que integra o processo de integração dos estudos para a presente investigação, que contém as informações referentes ao processo de identificação, triagem de estudos. Indica também as razões de exclusão dos registros. Os resultados da pesquisa nos diferentes bases de dados (n=358) foram importados para o programa
RayyanÒ. Seguidamente foram excluídos os estudos secundários (n=33), os estudos de caso (n=11) e posteriormente, os que não respondiam à questão do estudo (n=231), tendo sido primeiramente analisados os títulos e, caso surgissem dúvidas, o resumo. Em artigos cujo acesso integral não foi possível obter foram igualmente excluídos (n=2). Os pesquisadores destes estudos foram contatados, mas não foi obtida resposta. Assim, foram integrados 13 estudos e através da análise das referências bibliográficas dos trabalhos já selecionados foram adicionados três, totalizando-se 16 artigos como amostra de estudos originais. Quando se realizou a revisão da amostra de estudos originais com um segundo pesquisador existiu consenso e concordância total relativamente aos mesmos.

Dos 16 estudos analisados, um apresenta um nível de evidência fraco, três apresentam um nível de evidência moderado e 12 classificados com nível de evidência forte. A análise de evidência encontra-se presente em todas as colunas da Tabela 1. Todos os estudos integrados efetuam comparações com grupos de controle que foram constituídos por procedimentos
sham (i.e. procedimentos simulados) ou cuidados neonatais padrão que se referem ao conjunto de práticas e intervenções realizadas para promover a saúde e o bem estar de recém nascidos. Esses cuidados incluem a assistência médica, monitoramento e apoio aos recém-nascidos, focando na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento de condições que possam ameaçar a vida ou o seu desenvolvimento.
Os 16 estudos selecionados para a presente investigação estão datados entre o ano de 2002 e 2022, sendo que a maioria são originários dos Estados Unidos (Fucile
et al.
9; Fucile
et al.
15; Lessen
11; Fucile
et al.
16), existindo alguns do Brasil (Rocha
et al.
17; Costa
et al.
18), Índia (Arora
et al.
19; Thakkar
et al.
20; Kore e Mathew
21), Irã (Ghomi
et al.
22; Mahmoodi
et al.
23; Ostadi
et al.
24), Luxemburgo (Bache
et al.
25), China (Lyu
et al.
26), Tailândia (Lessen
et al.
27), e Espanha (Aguilar-Rodríguez
et al.
28).
Como mencionado anteriormente, para uma melhor organização dos estudos integrados e dos resultados foram elaboradas três tabelas sendo que a Tabela 1 contém os diferentes resultados de cada estudo e a Tabela 2 apresenta uma compilação dos desfechos (
outcomes) estudados em todos os artigos analisados.
DiscussãoTendo em consideração que o presente estudo objetivou estudar a importância da estimulação oral no processo de sucção/alimentação dos recém-nascidos prematuros, salienta-se que a grande maioria dos artigos incluídos demonstraram que o programa de estimulação oral,
10 as sucções não-nutritivas
8 e o PIOMI
11 apresentaram um efeito benéfico não só a nível do desempenho alimentar dos recém-nascidos prematuros, mas também a nível da alimentação oral independente. Os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 Rocha
et al.,
17 e Lyu
et al.
26 demonstraram efeitos positivos através do programa de estimulação oral
10 e das sucções não-nutritivas. Apenas com a intervenção do programa de estimulação oral, os estudos de Bache
et al.,
25 Fucile
et al.,
16 Aguilar-Rodríguez
et al.,
28 e Kore e Mathew
21 comprovaram que a aplicação deste programa traz benefícios aos recém-nascidos prematuros. Através da implementação do PIOMI, os estudos de Lessen,
11 Arora
et al.,
19 Thakkar et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Lessen
et al.,
27 e Mahmoodi
et al.,
23 demonstraram melhorias significativas com a utilização deste programa. Ao longo da interpretação dos resultados dos estudos analisados, foram visíveis mais desfechos que estão diretamente relacionados com os programas em estudo. Desta forma, para além dos desfechos inicialmente estudados, (i.e. a melhoria do desempenho alimentar e a independência alimentar dos bebês de prematuros), foram ainda analisados a taxa e o volume de leite ingeridos, o tempo de início da primeira alimentação, a taxa de amamentação e a alta hospitalar antecipada. Desta forma, estes desfechos vão ser considerados para a presente discussão.
i) Taxa de transferência de leiteNo que diz respeito à taxa de transferência de leite, (i.e. o volume de leite ingerido em relação à duração da sessão de alimentação oral), um dos resultados encontrados nos estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 demonstrou que o programa de estimulação oral e as sucções não-nutritivas tiveram um efeito benéfico, fazendo com que estes recém-nascidos tivessem uma taxa mais elevada de transferência de leite exatamente pela melhoria do padrão de sucção. Em contrapartida, nos estudos de Costa
et al.,
18 Lyu
et al.
26 e Thakkar
et al.,
20 não foi possível observar este mesmo efeito, não tendo existido um aumento na taxa de transferência de leite. Relativamente a esta relação, a literatura demonstrou existir um aumento da taxa de transferência de leite nos recém-nascidos que são submetidos ao programa de estimulação oral sugerindo que estes bebês se encontravam mais aptos pelo aumento da eficácia da sucção nutritiva.
29 Estes achados são congruentes com os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 que apontam para um benefício destas técnicas.
ii) Volume de leite ingeridoRelativamente ao aumento do volume de leite ingerido (ou seja, o volume consumido em percentagem do volume prescrito) por parte dos recém-nascidos prematuros, os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15, Thakkar
et al.,
20 e Lessen
et al.,
27 demonstraram resultados favoráveis, existindo maior quantidade de volume de leite ingerido nos bebês que receberam o programa de estimulação. No entanto, o estudo de Costa
et al.,
18 não demonstrou alterações no volume de leite ingerido por parte dos bebês, podendo isto ocorrer pelo fato de o grupo experimental apresentar menor peso nos diferentes momentos de avaliação em relação ao grupo de controle. A literatura atesta também a relação positiva entre o programa de estimulação oral e o aumento de volume de leite ingerido por parte destes recém-nascidos, justificado pela melhoria do padrão de sucção, permitindo aos bebês ingerirem mais leite por apresentar uma sucção mais forte e eficaz.
30 Este fato está em conformidade com os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15, Thakkar
et al.,
20 e Lessen
et al.,
27 analisados nesta pesquisa.
iii) Desempenho alimentar/padrão de sucçãoNo que se refere ao desempenho alimentar/padrão de sucção, um dos outcomes a serem estudados no presente trabalho, os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 Rocha
et al.,
17 Bache
et al.,
25 Lyu
et al.,
26 Arora
et al.,
19 Thakkar
et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Lessen
et al.,
27 Ostadi
et al.
24 e Kore e Mathew
21 demonstraram que um programa de estimulação oral apresenta resultados promissores em relação ao desempenho alimentar e ao padrão de sucção dos bebês prematuros. De acordo com a informação encontrada noutros estudos, foi possível concluir que o desempenho alimentar destes bebês melhorou pelo fato das técnicas utilizadas auxiliarem na coordenação do padrão sucção-respiração-deglutição, durante as diferentes sucções, proporcionando uma maturação das diferentes estruturas.
31 Esta informação vai de encontro aos resultados obtidos nos estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 Rocha
et al.,
17 Bache
et al.,
25 Lyu
et al.,
26 Arora
et al.,
19 Thakkar
et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Lessen
et al.,
27 Ostadi
et al.
24 e Kore e Mathew
21 demonstrando que o programa de estimulação apresenta, efetivamente, resultados benéficos em relação ao desempenho alimentar destes prematuros.
iv) Tempo de início da alimentação oralEm relação ao tempo de início da alimentação oral, os estudos de Rocha
et al.,
17 Ghomi
et al.,
22 Lessen
et al.,
27 Mahmoodi
et al.
23 e Aguilar-Rodríguez
et al.
28 e Ostadi
et al.
24 demonstraram que o programa de estimulação diminuiu o tempo que normalmente é necessário para os recém-nascidos prematuros conseguirem iniciar a alimentação via oral. Esta informação é concordante com os resultados encontrados na literatura, em particular no estudo de Neiva e Leone
32 que visava investigar e analisar os efeitos da estimulação da sucção não-nutritiva sobre a idade de início da alimentação por via oral em recém-nascidos prematuros, tendo demonstrado que esta técnica acelerou o processo de início da primeira alimentação por via oral. Estes resultados são similares aos obtidos nos estudos de Rocha
et al.,
17 Ghomi
et al.,
22 Lessen
et al.,
27 Mahmoodi
et al.,
23 Aguilar-Rodríguez
et al.
28 e Ostadi
et al.,
24 que demonstram que o programa de estimulação tem um papel importante na antecipação da primeira alimentação oral dos bebês prematuros sem a presença de sonda.
v) Alimentação oral independenteA alimentação oral independente foi estudada pelos autores Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 Rocha
et al.,
17 Costa
et al.
18 Lessen,
11 Bache
et al.,
25 Lyu
et al.,
26 Fucile
et al.,
16 Thakkar
et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Mahmoodi
et al.
23 e Aguilar-Rodríguez
et al.
28 que obtiveram como resultados uma alimentação por via oral total mais precocemente por parte dos recém-nascidos prematuros beneficiados pelo programa de estimulação. No entanto, Costa
et al.
18 e Bache
et al.
25 que estudaram igualmente este fator, obtiveram resultados distintos, não tendo existido diferenças no tempo necessário da transição de sonda para a alimentação por via oral independente. De acordo com a literatura, como é visível no estudo de Pereira
et al.,
33 que objetiva avaliar o efeito que o programa de estimulação oral apresenta no desempenho da alimentação oral e no tempo de transição da sonda para a ingestão oral total, este programa apresentou resultados importantes no que se refere ao tempo necessário para ser realizada a transição da sonda para a alimentação oral independente, tendo sido demonstrado neste estudo uma diminuição do tempo. Desta forma, os estudos de Fucile
et al.,
9 Fucile
et al.,
15 Rocha
et al.,
17 Lessen,
11 Lyu
et al.,
26 Fucile
et al.,
16 Thakkar
et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Mahmoodi
et al.
23 e Aguilar-Rodríguez
et al.
28 são apoiados pelos resultados obtidos na investigação de Pereira
et al.
33 no qual o programa de estimulação oral revelou que os bebês que são submetidos a esta técnica, apresentam uma diminuição no tempo de transição entre a sonda e a alimentação oral independente. Este fato pode estar relacionado com a melhoria do padrão de sucção dos recém-nascidos prematuros que, por ser mais eficiente, permite que os bebês consigam realizar a transição da sonda para a alimentação oral independente mais cedo.
vi) Taxas de amamentaçãoRelativamente às taxas de amamentação, Bache
et al.
25 e Fucile
et al.,
16 foi constatado que o programa de estimulação oral contribuiu para a melhoria das taxas de amamentação. Neste âmbito, o estudo de Balci
et al.,
34 cujo objetivo se centrava em compreender os benefícios que a estimulação oromotora apresentava relativamente à transição para a amamentação, concluiu que o programa de estimulação oral tem efeitos benéficos nas competências alimentares e na transição para a amamentação dos recém nascidos prematuros. Estes dados estão em conformidade com os resultados obtidos nos estudos de Bache
et al.
25 e Fucile
et al.,
16 demonstrando uma vez mais, que a estimulação oral dos bebês propicia diversos benefícios.
vii) Alta hospitalar precoceA alta hospitalar prematura foi um dos desfechos estudados nos diferentes estudos analisados na presente investigação. Salienta-se que este resultado está interligado aos diferentes resultados até aqui estudados, uma vez que, a alta hospitalar está diretamente relacionada com a independência oral alimentar e também com o desempenho alimentar. Desta forma, diferentes autores estudaram este fator, Rocha
et al.,
17 Arora
et al.,
19 Fucile
et al.,
16 Thakkar
et al.,
20 Ghomi
et al.,
22 Mahmoodi
et al.
23 e Aguilar-Rodríguez
et al.
28 demonstrando que o programa de estimulação oral apresenta efeitos positivos no que concerne à alta hospitalar, e onde os recém-nascidos estudados tiveram alta mais cedo do que aqueles que não foram submetidos a esta técnica. Autores como Song
et al.,
35 reportam que os recém-nascidos que tiveram como intervenção o programa de estimulação oral apresentaram menos dias de internamento hospital do que o grupo de controle que não teve qualquer tipo de intervenção. Contudo, nos estudos de Fucile
et al.,
9, Bache
et al.
25 e Lyu
et al.,
26 não foram encontrados os mesmos resultados, demonstrando que os bebês que foram submetidos ao programa de estimulação oral não tiveram diferenças no tempo de internamento até à alta hospitalar. Esses resultados podem dever-se ao fato do grupo experimental estudado apresentar menor peso à nascença o que pode ter enviesado os efeitos. Segundo Medeiros
et al.,
36 os recém nascidos mais prematuros e que apresentam menor peso permanecem mais tempo internados pois necessitam de mais cuidados e intervenções específicas.
Desta forma, após a análise dos resultados e da comparação dos mesmos com a literatura destaca-se um efeito benéfico em relação ao programa de estimulação oral na melhoria do desempenho alimentar dos recém-nascidos prematuros e na transição precoce entre a sonda e a alimentação por via oral total, informação que responde à questão inicial da presente investigação. Os recém-nascidos submetidos a este programa apresentam melhorias relacionadas com a alimentação, o que é determinante para o desenvolvimento e crescimento dos mesmos.
Limitações dos estudosÉ importante reconhecer algumas limitações relativas ao presente trabalho sobretudo inerentes aos estudos primários. Algumas fragilidades metodológicas (i.e. amostras reduzidas, variabilidade que diz respeito ao tipo de grupo de controle) influenciaram a análise de evidência. Adicionalmente, existiram dificuldades na heterogeneidade dos estudos o que dificultou a síntese dos dados, especialmente porque as medidas de análise variaram significativamente. Como exemplo deste fator, é possível constatar que o tamanho da amostra variou de 19 a 112 recém-nascidos prematuros e as características dos mesmos não eram homogêneas, nomeadamente ao nível da idade gestacional e do peso ao nascimento. Outra limitação observada foi o tempo e a frequência da administração das diferentes técnicas de estimulação, tendo sido visível que em alguns estudos foi administrada durante cinco minutos uma vez por dia, enquanto noutros foi administrada mais vezes ao dia. Em alguns estudos, a intervenção foi efetuada durante sete dias, enquanto noutros, foi prolongada até o bebê começar a alimentar-se por via oral de forma autônoma. Salienta-se ainda que durante a interpretação dos
outcomes dos estudos, a técnica utilizada não foi sempre a mesma, tendo sido possível verificar a utilização da estimulação oral, o PIOMI e as sucções não-nutritivas. Esta heterogeneidade dificultou uma análise mais abrangente e a generalização dos resultados encontrados. Não existiram estudos excluídos por estarem em língua não dominada pelos investigadores pelo que se considera não ter existido risco de viés de idioma.
ConclusãoA literatura corrobora a noção de que estimulação sensoriomotora oral apresenta efeitos benéficos no processo alimentar de recém-nascidos prematuros. O presente estudo sublinha a sua relevância para a prática clínica ao demonstrar que a estimulação sensoriomotora oral está associada a uma melhoria do padrão alimentar e promove a autonomia em recém-nascidos o que fundamenta a recomendação da sua implementação nas unidades neonatais. Além disso, os resultados indicam uma tendência de redução no tempo de internamento, o que pode contribuir para a diminuição dos custos associados à gestão dos serviços de cuidados neonatais. A combinação de diferentes técnicas poderá potenciar o efeito terapêutico a nível de transição alimentar, mas são necessários mais estudos para consolidar esta afirmação.
Referências1. World Health Organization (WHO). Who: Recommended definitions, terminology and format for statistical tables related to the perinatal period and use of a new certificate for cause of perinatal deaths. Acta Obstet Gynecol Scand. 1977 Jan; 56 (3): 247-53.
2. Denucci MAM, Williams EMO, Badoca MEG, Souza CHM. Atuação fonoaudiológica na amamentação: aspectos sobre a prematuridade / Speech-language pathology action in breastfeeding: aspects about prematurity. Braz J Dev. 2021 Ago; 7 (8): 82123–36.
3. Caetano LC, Fujinaga CI, Scochi CGS. Sucção não nutritiva em bebês prematuros: estudo bibliográfico. Rev Lat Am Enfermagem. 2003 Mar; 11 (2): 232-6.
4. Lau C, Hurst N. Oral feeding in infants. Curr Probl Pediatr. 1999 Abr; 29 (4): 105-24.
5. Bauer MA, Prade LS, Keske-Soares M, Haëffner LSB, Weinmann ARM. The oral motor capacity and feeding performance of preterm newborns at the time of transition to oral feeding. Braz J Med Biol Res. 2008 Out; 41 (10): 904-7.
6. Severino AD, Caricilli BB, Borges MC, Magosso WR, Ribeiro JPQS, Franco RC,
et al. Importância do aleitamento materno para o amadurecimento dos órgãos fonoarticulatórios: uma revisão literária / Importance of breastfeeding for the maturation of phonoarticulatory bodies: a literary review. Braz J Dev. 2021 Jun; 7 (5): 48282–93.7.
7. Bernardo GMB, Gonçalves LF, Haas P, Blanco-Dutra AP. Relação entre aleitamento e desenvolvimento do sistema estomatognático: revisão sistemática. Res Soc Dev. 2021; 10 (11): e499101120011.
8. Lemes EF, Silva THMM, Correr ADMA, Almeida EOCD, Luchesi KF. Estimulação sensoriomotora intra e extra-oral em neonatos prematuros: revisão bibliográfica. Rev CEFAC. 2015 Jun; 17 (3): 945-55.
9. Fucile S, Gisel E, Lau C. Oral stimulation accelerates the transition from tube to oral feeding in preterm infants. J Pediatr. 2002 Ago; 141 (2): 230-6.
10. Amaizu N, Shulman R, Schanler R, Lau C. Maturation of oral feeding skills in preterm infants. Acta Paediatr. 2007 Ago; 97 (1): 61-7.
11. Lessen BS. Effect of the Premature Infant Oral Motor Intervention on Feeding Progression and Length of Stay in Preterm Infants. Adv Neonatal Care. 2011 Abr; 11 (2): 129-39.
12. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan - a web and mobile app for systematic reviews. Syst Rev. 2016 Dez; 5 (1): 210.
13. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD,
et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021 Mar; 372: 71.
14. Thomas BH, Ciliska D, Dobbins M, Micucci S. A process for systematically reviewing the literature: providing the research evidence for public health nursing interventions. Worldviews Evid Based Nurs. 2004 Jun; 1 (3): 176-84.
15. Fucile S, Gisel EG, Lau C. Effect of an oral stimulation program on sucking skill maturation of preterm infants. Dev Med Child Neurol. 2005 Mar; 47 (3): 158-62.
16. Fucile S, Milutinov M, Timmons K, Dow K. Oral Sensorimotor Intervention Enhances Breastfeeding Establishment in Preterm Infants. Breastfeed Med. 2018 Set; 13 (7): 473-8.
17. Rocha AD, Moreira MEL, Pimenta HP, Ramos JRM, Lucena SL. A randomized study of the efficacy of sensory-motor-oral stimulation and non-nutritive sucking in very low birthweight infant. Early Hum Dev. 2007 Jun; 83 (6): 385-8.
18. Costa PP, Ruedell AM, Weinmann ÂRM, Keske-Soares M. Influência da estimulação sensório-motora-oral em recém-nascidos pré-termo. Rev CEFAC. 2011; 13 (4): 599-606.
19. Arora K, Goel S, Manerkar S, Konde N, Panchal H, Hegde D, et al. Prefeeding Oromotor Stimulation Program for Improving Oromotor Function in Preterm Infants — A Randomized Controlled Trial. Indian Pediatr. 2018 Ago; 55 (8): 675-8.
20. Thakkar PA, Rohit HR, Ranjan Das R, Thakkar UP, Singh A. Effect of oral stimulation on feeding performance and weight gain in preterm neonates: a randomised controlled trial. Paediatr Int Child Health. 2018 Aug; 38 (3): 181-6.
21. Kore AM, Mathew S. Effect of oral stimulation on feeding performance of preterm babies. J Pharm Negat Results. 2022 Nov; 13: 1174-80.
22. Ghomi H, Yadegari F, Soleimani F, Knoll BL, Noroozi M, Mazouri A. The effects of premature infant oral motor intervention (PIOMI) on oral feeding of preterm infants: A randomized clinical trial. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2019 Mai; 120: 202-9.
23. Mahmoodi N, Lessen Knoll B, Keykha R, Jalalodini A, Ghaljaei F. The effect of oral motor intervention on the oral feeding readiness and feeding progression in Preterm Infants. Iran J Neonatol. 2019; 10(3): 58-63.
24. Ostadi M, Jokar F, Armanian AM, Namnabati M, Kazemi Y, Poorjavad M. The effects of swallowing exercise and non-nutritive sucking exercise on oral feeding readiness in preterm infants: A randomized controlled trial. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2021 Mar; 142: 110602.
25. Bache M, Pizon E, Jacobs J, Vaillant M, Lecomte A. Effects of pre-feeding oral stimulation on oral feeding in preterm infants: A randomized clinical trial. Early Hum Dev. 2014 Mar; 90 (3): 125-9.
26. Lyu T chan, Zhang Y xia, Hu X jing, Cao Y, Ren P, Wang Y jue. The effect of an early oral stimulation program on oral feeding of preterm infants. Int J Nurs Sci. 2014 Mar; 1 (1): 42-7.
27. Lessen BS, Daramas T, Drake V. Randomized Controlled Trial of a Prefeeding Oral Motor Therapy and Its Effect on Feeding Improvement in a Thai NICU. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2019 Mar; 48 (2): 176-88.
28. Aguilar-Rodríguez M, León-Castro JC, Álvarez-Cerezo M, Aledón-Andújar N, Escrig-Fernández R, Rodríguez De Dios-Benlloch JL,
et al. The Effectiveness of an Oral Sensorimotor Stimulation Protocol for the Early Achievement of Exclusive Oral Feeding in Premature Infants. A Randomized, Controlled Trial. Phys Occup Ther Pediatr. 2020 Jul; 40 (4): 371-83.
29. Bala P, Kaur R, Mukhopadhyay K, Kaur S. Oromotor stimulation for transition from gavage to full oral feeding in preterm neonates: A Randomized controlled trial. Indian Pediatr. 2016 Jan; 53 (1): 36-8.
30. Neiva FCB, Leone CR. Sucção em recém-nascidos pré-termo e estimulação da sucção. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2006 Ago; 18: 141-50.
31. Calado DFB, Souza RD. Intervenção fonoaudiológica em recém-nascido pré-termo: estimulação oromotora e sucção não-nutritiva. Rev CEFAC. 2011 Fev; 14 (1): 176-81.
32. Neiva FCB, Leone CR. Efeitos da estimulação da sucção não-nutritiva na idade de início da alimentação via oral em recém-nascidos pré-termo. Rev Paul Pediatr. 2007 Jun; 25 (2): 129-34.
33. Pereira K, Levy DS, Procianoy RS, Silveira RC. Impact of a pre-feeding oral stimulation program on first feed attempt in preterm infants: Double-blind controlled clinical trial. Allegaert K, editor. Plos One. 2020 Set; 15 (9): e0237915.
34. Balci N, Takci S, Seren HC. Improving feeding skills and transition to breastfeeding in early preterm infants: a randomized controlled trial of oromotor intervention. Front Pediatr. 2023 Set; 11: 1252254.
35. Song D, Jegatheesan P, Nafday S, Ahmad KA, Nedrelow J, Wearden M,
et al. Patterned frequency-modulated oral stimulation in preterm infants: A multicenter randomized controlled trial. Allegaert K, editor. Plos One. 2019 Fev; 14 (2): e0212675.
36. Medeiros AMC, Almeida DMS, Meneses MO, Sá TPLD, Barreto IDDC. Impacto da intervenção fonoaudiológica na introdução de dieta via oral em recém-nascidos de risco. Audiol Commun Res. 2020 Set; 25: e2377.
Contribuição dos autores: Figueiredo IF: conceitualização, coleta e análise de dados, investigação, visualização e escrita do manuscrito. Grilo M: supervisão, validação e revisão do manuscrito. Campos SG: oleta e análise de dados, revisão do manuscrito.Rodrigues IT: gestão de projeto, metodologia, supervisão, validação e revisão do manuscrito. Todos os autores aprovaram a versão final do artigo e declaram não haver conflito de interesse.
Recebido em 22 de Abril de 2024
Versão final apresentada em 11 de Novembro de 2024
Aprovado em 13 de Dezembro de 2024
Editor Associado: Raphael Perrier-Melo